Uma doença comum, mas que pode ter riscos se não tratada corretamente.Você sabe tudo sobre icterícia?
Mais de 50% dos bebês apresentam icterícia nos primeiros dias de vida, que se caracteriza pela cor da pele amarelada, é uma doença autolimitada, ou seja, costuma ir embora sozinha em casos leves, mas em casos mais sérios pode precisar de tratamento, mas que também é simples e eficaz.
É importante entender que a icterícia pode ser, na maioria dos casos, uma reação normal do organismo do bebê. Seu fígado ainda não é capaz de metabolizar o excesso de bilirrubina, componente gerado a partir da quebra dos glóbulos vermelhos, por isso a pele fica amarelada. Nesses casos, essa situação, que nem é considerada doença e sim um processo fisiológico normal, é autolimitado, ou seja, se 'cura' sozinho a partir do 5º ou 6º dia de vida. O pico da icterícia acontece por volta do 4º ou 5º dia de vida e onde o bebê apresenta os níveis mais altos de bilirrubina e esta pode ser tornar visível com pele e mucosas amarelas.
Existe, porém, a icterícia patológica, onde a causa é uma incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê. Acontece quando a mãe é RH- e o bebê é RH+, ou ainda quando a mãe tem o sangue O e o bebê tem sangue A, B ou AB.
Bia apresentou icterícia patológica no primeiro dia de vida, antes das 24 horas. A icterícia dela foi devido a uma incompatibilidade sanguínea do tipo ABO, ou seja, o meu sangue e o do meu marido não eram compatíveis e ela nasceu com o sangue dele. O meu sangue é O+ e o dela é B+. Bia apresentou pele, olhos e gengivas bastante amarelados. A cor amarela se apresentava em todo corpo e estava bastante forte, em algumas partes do corpo ficava laranja.
Os níveis de bilirrubina foram medidos e ela rapidamente foi para o tratamento de fototerapia. Para se ter uma ideia, geralmente bebês com pico de icterícia no 5º dia de vida apresentam níveis de bilirrubina entre 5 e 7, que é quando a pele começa a ficar amarelada, Bia no primeiro dia apresentou 17, um nível extremamente alto.
Os níveis de bilirrubina aumentam a cada dia, sem tratamento, até chegar no pico e começar a regredir, independente da causa da icterícia e se ela for fisiológica ou patológica, por isso aquela história do chá de picão não é verdade, afinal, não foi o chá de curou e sim a doença ou situação fisiológica que chegou no seu final. O problema de não tratar corretamente a icterícia é que apesar de comum, ela pode trazer riscos para a saúde do bebê, principalmente se a causa for uma incompatibilidade sanguínea, como no caso da Bia.
Os riscos associados ao aumento da bilirrubina no sangue são: surdez, cegueira, paralisia cerebral, muscular e em alguns casos severos até a morte. O tratamento é tão simples que não justifica não tratar. Em casos bem agressivos, quando o tratamento com a luz não é eficaz, existe a possibilidade de realizar a exosanguíneotransfusão, onde o sangue do bebê é literalmente trocado por um sem bilirrubina, esse tratamento exige cuidados, o bebê precisa ficar na uti e existem vários riscos associados, por isso, o tratamento com fototerapia deve ser seguido corretamente e a doença não deve ser negligenciada.
Algumas mães percebem a pele amarelada do filho em casa, quando a icterícia chegou no seu pico. Nesses casos, o pediatra irá avaliar se será necessário o tratamento no hospital ou em casa. Se o tratamento for em casa, ou seja, se os níveis não forem considerados tóxicos, este consiste basicamente em banho de sol. A fototerapia inclusive, nada mais é, do que a incidência prolongada de raios ultravioleta diretamente na pele do bebê, recomendado nos casos em que os níveis de bilirrubina no sangue estiverem um pouco altos.
10 Dúvidas sobre icterícia
Dúvida #1: Como saber se o meu filho tem icterícia?
A grande maioria dos casos de icterícia são identificados ainda na maternidade, na consulta de alta do bebê realizada pelo pediatra. Se a criança for liberada, a mãe é orientada a observar a coloração da pele do bebê e retornar caso esta se apresente amarela para uma avaliação. A pele amarela é o único sintoma visível da icterícia.
Dúvida #2: Qual parte do corpo fica amarela?
A icterícia é dividida em três partes: cabeça, tronco e membros. Quando ela começa a surgir, se apresenta primeiro no rosto e à medida em que os níveis de bilirrubina aumentam, a coloração amarela tende a descer pelo corpo. Por isso, alguns médicos consideram que se a coloração amarela chegou até os pés, os níveis de bilirrubina podem estar bastante altos, próximos dos níveis tóxicos. Se a coloração aparece inclusive nos olhos, gengivas e céu da boca, a avaliação pelo médico deve ser imediata.
Dúvida #3: Como saber se os níveis de bilirrubina estão tóxicos?
Somente o médico com avaliação clínica e realização de exames de sangue.
Dúvida #4: Quanto tempo dura o tratamento com fototerapia? O bebê precisa ficar na uti?
Depende. A duração do tratamento vai depender da causa e dos níveis de bilirrubina no sangue. Bia ficou 7 dias, mas em casos fisiológicos, o tratamento pode demorar menos. Atualmente os médicos evitam que o bebê seja levado para a uti, o tratamento geralmente é no quarto comum, junto com a mãe (se esta não tiver tido alta), isso porque o tratamento é simples.Se o bebê apresentar outra patologia, porém, a uti é necessária.
Dúvida #5: A partir de qual nível de bilirrubina é indicada a exosanguineotransfusão?
A exosanguineotransfusão só é indicada nos casos em que a fototerapia não surte o efeito esperado e os níveis de bilirrubina continuam a subir. Não existe um consenso, alguns médicos falam em 21, outros 25, mas o mais importante é que os níveis não continuam subindo com o tratamento.
Dúvida #6: Como é o tratamento com fototerapia?
O bebê fica só de fralda com um óculos de proteção num berço climatizado e as luzes são posicionadas de forma que atinjam todo seu corpo. O bebê precisa ser virado com frequência para a luz atinja todas as partes do corpo, inclusive as costas e a parte lateral. Alguns médicos recomendam que não se troque as fraldas do bebê com as luzes ligadas, pois existe a possibilidade de causar infertilidade, mas esse não é um consenso. O bebê deve ser retirado das luzes o mínimo possível, sendo retirado apenas para realização de exames e tomar banho. Algumas mães amamentam com as luzes focadas no bebê, quanto mais tempo o bebê ficar sob as luzes, mais rápido e mais eficaz será o tratamento.
Dúvida #7: Como saber se o tratamento surtiu efeito e quando receberá alta?
Os níveis de bilirrubina serão medidos a cada 24 ou 48 horas dependendo dos níveis apresentados no primeiro dia de tratamento. Além disso, o pediatra fará uma avaliação visual diariamente. Os aparelhos serão retirados aos poucos, a partir do momento em que for avaliado que o bebê não apresenta níveis tóxicos. A alta só é data após 24 horas da retirada do último aparelho para avaliação do efeito rebote.
Dúvida #8: O que é efeito rebote?
É quando, finalizado o tratamento com a luz, os níveis de bilirrubina sobem rapidamente atingindo um nível tóxico novamente.
Dúvida #9: Quais exames devem ser feitos após o bebê ser diagnosticado com icterícia?
Exames e consultas normais de todo recém nascido.
Dúvida #10: Depois de tratada, a icterícia pode voltar?
Não, esse tipo de icterícia só acomete recém nascidos e depois de tratada não volta. Se a criança apresentar pele amarelada depois de crescida, pode ser icterícia, mas por uma deficiência do fígado, que já é outra história.